| "Excelência:
Encontro-me na posição extremamente desagradável de ter de importuná-lo com um problema de natureza particular, em outras palavras, de ter de expressar a V. Exa. minha angústia como pai de família. V. Exa., o Füher da nação alemã, deve confrontar-se com preocupações outras e certamente maiores. Mas, como a família é a menor, porém igualmente a mais vital das células sociais, célula que permite que um Estado honesto e bem organizado se desenvolva, creio que esse passo é de certo modo justificável, e, assim, peço-lhe que me ajude.
Minha família se encontra atualmente dividida, pois minhas duas filhas Eva e Gretl se mudaram para um apartamento que V. Exa. pôs a sua disposição e eu, chefe de família, me confrontei com um fato consumado. Naturalmente, sempre repreendi Eva quando ela voltava para casa muito depois do horário normal de fechamento das lojas. Acredito que uma moça que trabalhe intensamente durante oito horas por dia, tem necessidade de descanso no seio da família, à noite, a fim de permanecer em boa saúde. Sei que estou defendendo um ponto de vista que, aliás, parece fora de moda. A supervisão dos pais sobre os filhos e a obrigação destes de morarem em casa até que venham a casar-se é, não obstante, um princípio inviolável. Este é o meu código de honra. Além disso, sinto muita falta de minhas filhas.
Assim, muito agradeceria a V. Exa. se me concedesse sua compreensão e sua ajuda e concluo esta carta fazendo um apelo para que V. Exa. não encoraje esta sede de liberdade de minha filha Eva, a despeito do fato de que ela seja maior de 21 anos. Por favor, aconselhe-a a voltar para o seio da família.
Respeitosamente,
Fritz Braun"
Fonte: 'Eva Braun, a Amante de Hitler', de Nerin E. Gun - Record - 1968 - Página 98
Nota: Além da preocupação deste pai, o futuro mostrou-se trágico. Após a morte da filha e a queda do nazismo, a família Braun foi interrogada pelos aliados, perseguida pelas autoridades alemãs e hostilizada pelos vizinhos. Fritz Braun perdeu sua pensão e seus bens foram confiscados. |