| "As cerâmicas da fase marajoara, da Ilha de Marajó, na região estuarina do rio Amazonas, são algumas das cerâmicas pré-coloniais mais conhecidas no que diz respeito à Arqueologia brasileira. Os sítios arqueológicos marajoara se concentram, quase sempre, em montículos de terra, razoavelmente grandes, construídos pelas populações que habitaram a ilha, conhecidos localmente como tesos, e que se mantinham acima do nível da água. Nestes sítios eram realizadas diversas atividades cotidianas e rituais que culminavam no descarte destas cerâmicas. Estas cerâmicas são bastante elaboradas, sendo ornamentadas por meio de diversas técnicas decorativas que incluem pintura,modelagem, excisão e incisão, e reproduzem, na maioria das vezes, corpos que mesclam características humanas e de animais, aludindo a corpos multicompostos ou em estado de transformação corpórea. Nesta palestra será discutido como a Arqueologia de Marajó tem repensado a variabilidade destes corpos cerâmicos a partir de perspectivas provenientes da Antropologia da Arte e da Etnologia Ameríndia, e com isto refletido também sobre os regimes de figuração e materialidade pretéritos e sobre os possíveis princípios cosmológicos associados a eles." |