| "Numa tenda de um acampamento militar nos arredores de Roma, fazem-se apostas sobre a pureza das mulheres romanas, saíndo vencedor Colatino, general e esposo de Lucrécia. Tarquínio, filho do tirano que governa Roma, obcecado pela castidade de Lucrécia, viaja até Roma durante a noite e viola-a; esta, não suportando a desonra, suicida-se. Ao vingar-se da afronta, Colatino será o grande artífice da revolta popular que derrubará o poder etrusco para dar lugar à res publica romana. Estes factos históricos relatados nas crónicas de Tito Lívio e no poema juvenil de Shakespeare – autor que melhor mostrou como os sentimentos da inveja e do ciúme são motores das mais absurdas e dramáticas histórias humanas – são narrados na ópera de Britten por duas personagens modernas – um coro feminino, outro masculino – que, numa perspetiva cristã, descrevem a ação enquanto comentam as moralidades de uma Roma pagã.
The Rape of Lucretia, a primeira ópera que Britten classificou de 'ópera de câmara', estreou-se precisamente treze meses após o sucesso do seu Peter Grimes. É agora a vez do Teatro Nacional de São Carlos apresentá-la pela primeira vez em Portugal sob a direção musical de João Paulo Santos e encenação de Luis Miguel Cintra, uma renovada parceria que, desde há muito, vem colhendo justos aplausos do público e da crítica." |