| "Advogado, ministro, membro da Academia Brasileira de Letras, a biografia de Evandro não é curta nem simples. Às vezes é difícil entender as aparentes contradições deste homem que, na década de 30, diante do infame Tribunal de Segurança Nacional do Estado Novo defendeu tanto os comunistas quanto os integralistas. Evandro tem sempre o mesmo lema: Todos têm direito a defesa. Ou, como disse o também advogado Fábio Konder Comparato: 'Evandro é um advogado permanente do interesse público.' Nos anos 60, Evandro Lins e Silva esteve na comitiva que foi à China com João Goulart e lá estava quando Jânio Quadros renunciou. Jango foi empossado como primeiro-ministro e nomeou Evandro Procurador-Geral da República. Posteriormente, ocupou os cargos de Chefe do Gabinete Civil, Ministro das Relações Exteriores e Ministro do Supremo Tribunal Federal. Em 1964 João Goulart foi deposto. Os militares subiram ao poder e a ditadura foi endurecendo a cada ano. Alguns meses após decretarem o Ato Institucional n 5, na missão solene do Supremo Tribunal Federal de 5 de fevereiro de 1969, Evandro foi 'aposentado'. Evandro voltou a exercer a advocacia criminal e, no fim dos anos 70, subiu novamente ao tribunal de juri para defender Doca Street. A defesa do assassino confesso de Ângela Diniz causou grande polêmica e foi assunto em todo o país. Já nos anos 90, num dos raros momentos em que atuou como advogado de acusação, Evandro subiu à tribuna do Senado para lutar contra o então presidente Fernando Collor de Melo. Neste momento, Evandro não estava apenas acusando, estava antes defendendo o povo brasileiro. Collor foi impedido de continuar na presidência e o povo brasileiro se viu muito bem defendido. Em 2000, numa surpreendente volta ao juri, aos 88 anos, Evandro viajou a Vitória, no Espírito Santo, para defender José Rainha Júnior, líder do MST. Depois de três dias de julgamento, conseguiu provar a inocência de Rainha, que já tinha sido acusado num primeiro júri. O julgamento de Rainha, parecia ser o último da carreira de Evandro Lins e Silva. Mas quando perguntado qual o caso favorito do jurista, ele respondeu, jovial: o próximo. Nestes quase setenta anos de juri, Evandro manteve seu lema: todos têm direito a defesa."
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